Eixos Temáticos
O Colóquio Territórios e Paisagens ferroviárias: estudos em áreas urbanas atravessadas por linhas férreas busca promover o debate conceitual e metodológico aplicado ao estudo da cidade e da paisagem atravessada por linhas férreas. Está orientado para consolidar um intercâmbio científico nacional e, possivelmente internacional, sobre questões ferroviárias e urbanas.
Tema Geral: Territórios e Paisagens Ferroviárias: estudos em áreas urbanas atravessadas por linhas férreas.
Os territórios ferroviários constituem-se por espaços urbanos atravessados ou caracterizados pela presença, imediata ou não, de linhas férreas. Como perceber esse espaço através da sua forma? Convidamos à discussão sobre as possibilidades e os limites da percepção destes espaços, seja através da morfologia dos territórios e das paisagens ou de estudos com perspectivas sensoriais e emocionais sobre esses espaços.
Eixo 1 - A morfologia dos territórios ferroviários: metodologias de abordagem e estudos de caso.
Desde o seu início, a construção ferroviária tem transformado, caracterizado e criado áreas urbanas condicionadas a este meio de transporte. Esta infraestrutura, de caráter rígido e linear, impõe o desenvolvimento de áreas urbanas lindeiras, que muitas vezes se constituem como importantes centralidades. As leituras urbanas destas áreas devem buscar captar as suas características e a transformação das mesmas ao longo dos tempos. Desta maneira, o eixo em questão visa contribuir para o debate sobre métodos e estudos de caso de áreas urbanas atravessadas por linhas férreas. Tem como objetivo discutir abordagens metodológicas de leitura morfológica que poderão ser aplicadas a estes territórios. Busca, finalmente, questionar padrões urbanos evolutivos similares de territórios ferroviários e próprios a cada contexto. Este eixo temático convida à discussão de temas que se enquadram na construção ferroviária ao longo dos tempos em áreas urbanas e de métodos de estudo sobre estas áreas num espectro temporal desde o início da construção ferroviária até aos dias de hoje. O escopo geográfico é igualmente amplo, sendo debatidos trabalhos que abordam essas questões por meio de perspectivas comparativas e transnacionais.
Eixo 2 – Identidades culturais e apropriação dos territórios ferroviários.
Ao longo do processo de formação das cidades, as ferrovias foram potenciais indutores de ocupação de territórios até então longínquos e de difícil acesso para grande maioria da população urbana e rural. Desta forma se apresentaram por vezes como os principais eixos estruturantes e vetores de crescimento nos locais onde foram implantadas. A existência desse meio técnico e mecanizado alterou a definição do espaço e modificou as condições de uso do solo e acabaram por influenciar diretamente nas especificidades de determinados territórios e nas relações entre a ferrovia, o ambiente construído e a população local. A herança de um caráter funcionalista atribuído a determinadas regiões ferroviárias em meio urbano foi capaz de influenciar planos e decisões gestacionais que por vezes caracterizaram uma representação signo-ideológica de segregação social e espacial minimizando-se desta forma o direito à cidade, ao lazer e à cultura. Por sua vez, esta deficiência foi compensada pelo incremento de ações e objetos de acentuado apelo coletivo que fomentaram a adaptabilidade dos espaços destinados ao convívio e às práticas sociais e criaram possibilidades para a vivência coletiva de determinados grupos sociais. Desta maneira, este eixo busca fomentar o debate e as discussões a respeito das práticas sociais, e as representações identitárias existentes nas áreas atravessadas pela linha férrea, e dos modos como esses espaços são apropriados pela população local.
Eixo 3 - História e Patrimônio Ferroviário: legados, permanências, transformações.
As ferrovias desempenharam um importante papel na modernização e industrialização de diversos países do mundo, sendo relevante, do ponto de vista patrimonial, o impacto da implementação de uma ferrovia em um território, seja urbano ou rural. No contexto dos séculos XIX e XX, as estradas de ferro impulsionaram a criação e o desenvolvimento de diversas cidades, facilitaram o escoamento de produção agrícola e industrial, como também permitiram a integração, a mobilidade e os fluxos de bens e pessoas nos territórios que atravessaram. Essas intensas trocas deixaram marcas sociais e culturais em seus percursos e, frente ao atual processo de decadência do transporte ferroviário observado em muitas regiões e em diversos países, muitas comunidades e suas condições socioeconômicas foram afetadas pela desativação dos trilhos, uma vez que toda sua vida girava em torno dos trens e da movimentação por eles ocasionada. Este eixo temático visa discutir a questão do patrimônio ferroviário e industrial conectado à malha ferroviária. Convida a refletir sobre como articular esse patrimônio cultural, que margeia os territórios atravessados, com outros fragmentos urbanos, e como requalificar e dar nossos usos e significados às linhas férreas e seus artefatos que se transformaram com o passar dos anos.
Eixo 4 - Paisagens ferroviárias: agentes conformadores, construção e transformação da Cidade.
Como redes técnicas que, desde meados do século XIX, suportaram a produção agrícola e a industrialização latino-americana, as ferrovias tiveram um importante papel na consolidação das cidades portuárias e na dinamização da economia de exportação. Suas infraestruturas permitiram a integração dos mercados regionais e o crescimento das cidades médias do interior, transformando paisagens em sítios rurais e urbanos. Nesse sentido, o eixo temático visa explorar as possibilidades de abordagem, valoração e intervenção de territórios transformados socialmente pelo trem, que se converteram em projeções culturais de uma sociedade num espaço urbano ou rural determinado e, em particular, em cenários de atividades produtivas como a indústria, a agricultura, a mineração, dentre outros. A partir desta abordagem, pretende-se discutir o papel dos agentes sociais que, desde a esfera pública ou privada, interagem com seus próprios meios, interesses, representações e ideias na estruturação dos territórios produtivos. Este eixo convida a debater a questão ferroviária desde uma escala urbana e regional e analisar o impacto dos trens e suas redes na transformação dos territórios atravessados a partir da paisagem, em suas perspectivas culturalistas, regionalistas ou simbólicas.